Quintas
Quinta das Laranjeiras
A quinta das Laranjeiras ou como originalmente se chamava Meio Casal da Laranjeira está situada no alto onde se formaram os primeiros núcleos vicinais, os lugares de Moalde, Igreja Velha e Laranjeiras. Por curiosidade lá só havia uma árvore deste fruto.
O Meio Casal da Laranjeira era foreiro à Ordem do Hospital em Leça do Balio. Compreendia este Meio Casal muitos bens de raiz, conforme auto de medição e apegação, realizado em 26-7-1714, realizado pela baliagem a favor de Domingos Gonçalves e mulher Maria João. Estes estavam na posse do Meio Casal da Laranjeira por Maria João o ter recebido dos pais Mateus João e mulher Ana Fernandes, em dote de casamento. Por falecimento de Mateus João ocorrido em 15-1-1714 e de Ana Fernandes extinguiam-se as três vidas do emprazamento. É por isso que Domingos Gonçalves e Maria João tivessem obtido a renovação do prazo.
Era ele constituído por casa de sobrado com sua varanda, casa de cozinha com aido junto e pegado casa para despejos; outra casa térrea e telhada utilizada como palheiro e uma corrente de casas utilizadas como aidos, com seu portal fronho; entre estas casas um terreno com sua ramada, assim como fora das portas fronhas; a eira de Celão com duas hortas anexas e, pegado, para sul, um campinho com árvores de fruto que levará de semeadura um alqueire de centeio; Horta de fora; o Campo Grande que leva de semeadura catorze alqueires de centeio; o campo de lavradio que levará de semeadura cinco alqueires de centeio; o campo de mato que levará cinco alqueires de centeio; as Cortinhas de Baixo e de Cima; várias leiras de devesas; leira dos Sobreiros; Fojo de Cima e Fojo de Baixo; o Pinhal da Ribeira que levará de semeadura dois alqueires de centeio; o Campo das Ribeiras; o Campinho do Redolho; o Combrinho do Redolho; a Bouça da Aboneira; o lameiro tapado sobre si que levará de semeadura dois alqueires de centeio.
Domingos Gonçalves foi primeira vida nesta renovação de prazo, tendo falecido em 8-1-1738, sendo sua mulher Maria João, segunda vida e faleceu em 30-9-1743.
Foi sua filha Maria João, nascida em S. Mamede e casada com Damião de Sousa Pereira dotada e nomeada terceira vida da prazo do Meio Casal da Laranjeira.
Tiveram um filho, Manuel de Sousa Pereira, casado com Maria Josefa de Jesus em 9-11-1761. Os pais dotaram-no com o Meio Casal das Laranjeiras. Tendo falecido em 30-9-1765, sem descendestes, voltou o bem herdado para posse dos seus pais.
No testamento de Manuel de Sousa Pereira, foi dito que o dote de sua mulher lhe seria restituído. Por tal caso, foram obrigados a contrair um empréstimo de quinhentos e oitenta mil reis.
A próxima herdeira foi sua filha Maria Josefa de Jesus que casou com José de Paiva em 12-5-1765. José de Paiva requereu que lhe fosse guardada a carta de privilégio concedida aos sogros.
Maria Josefa de Jesus faleceu em 9-7-1793 e seu marido José de Paiva faleceu em 3-1-1816.
Foi seu filho José de Paiva e Sousa, nascido em 16-3-1766 o herdeiro do Meio casal da Laranjeira. Casou com D. Maria da Natividade, senhora do prazo e quinta de Fafiães, na freguesia de Leça do Balio.
Este casamento veio trazer a união de duas casas muito antigas e importantes do Couto de Leça. A quinta ou o Lugar de Fafiães já tinha sido referendada em 1258, nas inquirições sobre a Vila de Perafita. Nela vem mencionado que a dita vila pertencia ao Mosteiro de Moreira e aos ” militares faffianis “.
Tal casamento veio trazer abundante dinheiro ao Meio Casal da Laranjeira, pois foram viver para S. Mamede.
José de Paiva e Sousa e D. Maria da Natividade tiveram a filha D. Emilia da Natividade Paiva, que casou com António Francisco Alves Guimarães Em 18-7-1908, um descendente destes, de nome José Maria Alves Guimarães e esposa D. Luísa Baldaque Alves Guimarães, prometeram vender a quinta das Laranjeiras a José Ferreira da Silva e esposa Ana Faria de Matos, caseiros da mesma quinta, pela quantia de onze contos e quinhentos mil reis. Os promitentes vendedores obrigavam-se a não prosseguir a acção que, na 1ª Vara do Juízo Cível da Comarca do Porto, tinham pendente contra Manuel Francisco da Silva Costa e outro, mas os promitentes compradores pagariam todas as despesas judiciais e extrajudiciais emergentes do pleito. Com efeito, a prometida escritura foi outorgada em 7-8-1908.
A todo o custo procurou salvar a casa e o núcleo essencial da quinta. Mas para tal teve que vender muitos dos campos ao seu redor. Aos novos proprietários sucedeu a filha, D. Aurora de Matos, casada com José da Silva Dias. Destes herdou a quinta a filha D. Josefina da Silva Matos Ferreira Martins, casada com Belmiro Ferreira Martins, que vivem na quinta das Laranjeiras.